quinta-feira, 28 de maio de 2009



Saudade do Português

O vai ser de mim sem os acentos? Aprendi na escola, lá na década de 80(entreguei a idade) que os acentos eram primordiais para um português polido, correto. A língua perderá a magia. Para os nostálgicos de plantão como eu, haverá muito “sofrimento”, e nada será como antes.
Os acentos sempre foram utilizados para indicar, na escrita, a pronúncia correta de uma palavra. E agora toda a essência depositada no papel vai mudar. O bom e velho ditongo aberto em palavras paroxítonas foi embora - A Coreia apoia a ideia da assembleia. Cadê a graça da frase? Não tem ênfase, não tem vida, não tem...acento.
A autoafirmação das palavras corre na contraordem da infraestrutura academica que todos já estamos habituados. O hífen pegou as malas, não deixou bilhete e caiu no mundo, numa autoestrada, totalmente abandonado e semiembriagado pelas novas regras de ortografia brasileira.
Em uma conversa coloquial tudo continuará na mesma, ninguém vai dizer: a feiura daquela frase - sem acento, foi reescrita. Mas, tudo muda no texto escrito, a magia do acento vai se esvair, se apagar, vai para o mesmo lugar onde mandaram os acentos – para Terra do Nunca. E como tudo o que se vai um dia, o que fica será a saudade.
Um sofrimento maior para mim será a perda do trema. O que eu farei sem o trema? Aguentar as consequência, ficar tranquila ou ser eloquente, este será o meu fim? O fim da nostalgia. O trema sempre me remeteu ao passado, a um aperto no peito. O trema me remete a algo pueril do século 18 ou 19, aos poetas que morriam de amor, escrevendo versos dedicados a uma paixão platônica (esta continua com o acento?).
Nos livros didáticos as novas normas, só serão válidas em 2010 e obrigatórias a partir de 2012. Três anos para sucumbirmos à democracia. Três anos para corrermos e alteramos toda a forma de escrever que já havíamos adquirido. Três anos para perder o romantismo aprendido e apreendido na infância.
As mudanças foram ditadas, mas, e a tal democracia, onde fica? Esta que, aliás, também aprendi na escola, na mesma década de 80(entregando a idade de novo), que seria um regime de governo onde o poder de tomar decisões políticas importantes estaria nas mãos dos cidadãos (povo), direta ou indiretamente.
Então, não me lembro de ter votado ou ter expressado minha opinião sobre o assunto em pauta – o acento. Ninguém pediu minha “permissão”, nem fui consultada sobre o fato de ele ser mandado embora, demitido, sem direito a uma apelação ou qualquer outro abono. O que farei com a falta, o vazio que ficará, com a dor da perda, da partida?
Escrever em um texto que o pelo do gato me dá alergia ou que ela não para de sofrer por amor, ficará muito estranho. Como tudo o que é imposto ao ser humano, temos a capacidade de adaptação. Então, dizem que a tendência é “acostumar”, ou seja, habituar-se a fazer algo. Plagiando Clarice Lispector, “a gente se acostuma para poupar a vida, que aos poucos se gasta, e se gasta de tanto se acostumar, e se perde em si mesma."

domingo, 24 de maio de 2009


Vazio ou silêncio?

Ok, alguém pode me dizer como lidar com o vazio? Ou seria com o silêncio? Eu tenho a mania de ficar incomodada com o excessivo silêncio ou seria com o vazio. Os dois sempre me confundiram, mas refletindo sobre os dois chego a conclusão de que silêncio é gratificante, mas o vazio pode ser triste.
As duas sensações sempre me fizeram pensar e refletir sobre a vida. Chego em casa e a primeira coisa que faço é ligar a TV ou o computador. Mesmo não assistindo ou acessando algo, lá ficam eles, ligados, parados e sozinhos. Eles me olham, meio que dizendo:
_ Vai, faz alguma coisa, se mexe, não fica ai com pena de você mesma, sozinha, apreciando teu vazio interior!!
Essa minha necessidade em ter barulho quando fico sozinha, em sentir dor no estômago quando bate um vazio inexplicável, uma sensação de que falta algo, de que tenho mil coisas a fazer, será que é alguma patologia? Vazio ou solidão, ninguém me diz o que é. Ou é algo totalmente natural?
Os dois se confundem, são duas sensações, dois sentimentos com limites tênues entre si. Vazio e silêncio. Muitas vezes me sinto sozinha estando perto de milhões de pessoas. Solidão sim, solitária não. É uma solidão d’alma, um vazio de alma, de espírito, um vazio sem vida, sem vontade, um silêncio interno, sem respostas.
Muitos não admitem sentir ou não se apropriam do vazio ou do silêncio, lutam contra e pronto. Eu degusto os dois, vivencio intensamente ambos, quem sabe assim eu aprendo mais sobre, e de quebra mais sobre mim.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Aprender

Nossa como tem sido difícil isso viu. Aprender a mudar, aprender a ter paciência, aprender a me controlar. Controlar meus hormônios e meus nervos. Aprender a aprender e, aprender a apreender. Tudo deveria vir encaixotado ou em forma de pílulas, você toma e pronto, em 20 minutos depois tudo fica bem.
Mas, nada é desse jeito ou do jeito que EU quero que seja. Se fosse assim, a vida, a minha vida e de muitas pessoas estaria bem mais tranqüila, bem mais fácil. E quem disse que a vida é fácil?
Assisti pela enésima vez ao filme Alguém como você, uma comédia romântica água com açúcar, mas que toda vez me faz pensar. A personagem vive um dilema sobre relações homem e mulher. E, analisando o filme eu penso qual o por quê de sermos tão diferentes? Razão e sensibilidade; corpo e alma; olhos e ouvidos; céu e inferno...
Inferno? É isso ai, nunca nos entendemos, nunca conseguimos falar a mesma língua. Tenho a nítida impressão de que eles falam javaneses e nós zamundenses, traduzindo, nunca vamos nos entender. A linguagem dos homens é a língua visual, a nossa é a sentimental.
Eles vivem falando que somos difíceis de entender, nós por ouro lado reclamamos da mesma coisa. Será que um dia vão fabricar um dicionário capaz de traduzir o que falamos? Ou um simulador que poderemos pendurar no pescoço ao conversarmos com o sexo oposto.
Seria muito engraçada a situação: calma amor, eu vou ligar o botão, assim podemos conversar civilizadamente...rs. Ou: amigo, acho que para conversarmos de igual para igual vou ligar o meu aparelho...rs. Parece piada, mas é a pura realidade.
Conflitos de sexo. Eternamente questionáveis e nunca terão uma resolução. Falamos A eles entendem X, mas, espero que a magia, a delícia – às vezes, do ser diferente, se transforme em coisas agradáveis, em prazer. Bom, pelo menos é o desejo....realmente desejo.