domingo, 22 de janeiro de 2012

Teatro - Palácio do Fim


A sensação de falta de ar ficou ao sair do teatro. Tive a nítida impressão de soco no estomago. De que algo dentro de mim ia se quebrar ou romper, talvez explodir tamanha angústia. A realidade que vemos na TV ou retratado em jornais nem sempre é a verdade real, cuspida e escarrada que deveríamos apreender.
A peça O Palácio do Fim, dirigida por José Wilker e encenada com Camila Morgado, Vera Holtz e Antonio Petrin é...simplesmente brilhante. Uma soldado americana, uma mãe iraquiana e um inspetor de armas britânico respectivamente engolem o palco do teatro com histórias verídicas da Guerra do Iraque.
Três versões de uma mesma história, três monólogos que vão sendo amarrados e depositados na alma, chocando os olhos e ouvidos da plateia. O choque de mostrar que os fatos da guerra não foram novelescos, como querem elucubrar certos governantes, fez várias vezes a mesma plateia fungar engasgada pelas lágrimas.
No palco existe um belo casamento entre luz, som, direção e atuação. Impossível não sentir a presença do detalhista Wilker na direção. Os atores dão show de interpretação. Nunca tinha visto os três em teatro e confesso que, na minha humilde e arrogante opinião, desconfiava de um ou outro.
Mas, após sair da peça só tenho uma palavra a depositar aqui – visceral. A palavra que me veio à boca é claro que não foi essa, fiquei salivando, querendo soltar um gostoso palavrão, em desabafo, mas o teatro apinhado de gente me intimidou.
Indico a quem quer saber um pouco mais sobre um terço do que ocorreu na prisão de Abu Ghraib, no Iraque, durante a guerra, e sobre o regime de Saddam Hussein.
Entre, sente e se segure na poltrona. Não tenha conceitos definidos, solte suas amarras, segure os nervos, se jogue nas emoções dos atores, beba da sabedoria do texto, deguste a cultura que a peça poderá lhe proporcionar. Indico.