quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Livro - Casório ?!, de Marian Keyes


Li em 5 dias. Aliás, ele foi devorado. A escritora irlandesa Marian Keyes consegue descrever as “dores” femininas como ninguém. Dez anos atrás, Marian Keyes estava no fundo do poço. Infeliz em sua profissão de advogada e malsucedida no amor, ela afogava as mágoas na bebida. Em depressão, tentou o suicídio ingerindo uma dose cavalar de calmante. "Foi um período tenebroso. Mas aquele sofrimento teve alguma utilidade, pois se revelou uma inspiração preciosa", declarou ela anos mais tarde. E bota inspiração nisso.
Enquanto se tratava numa clínica de reabilitação, Marian deu os primeiros passos numa atividade que faria dela uma das maiores fortunas da Irlanda: a de escritora de um gênero que os críticos rotulam de "literatura de mulherzinha".
Com uma grande pitada de bom humor e outra grande inteligência Casório?! é um livro para lá de interessante. Após ir a uma cartomante com 3 amigas colegas de escritório, a protagonista Lucy Sullivan recebe a previsão de que se casará em menos de um ano e meio. O problema é que Lucy sequer é comprometida e, para piorar, nunca acreditou em "visões do futuro". Ao contrário, sempre achou hilário o momento em que videntes dizem que "o homem de seus sonhos está prestes a aparecer".
A ficha cai quando as previsões para suas amigas, que se consultaram no mesmo dia, começam a acontecer. Lucy se envolve com homens disponíveis, mas nada confiáveis. Embora seja previsível com quem ficará Lucy, a narrativa sobre as desventuras amorosas dela é colocada de forma divertida e original, superando as expectativas do quarto lançamento. De certa forma, Casório?! É a história de muitas mulheres. A história não fica somente neste engodo “casamentístico”, a escritora se arrisca a discutir sobre o alcoolismo, sua dependência, as conseqüências e as culpas que esta doença pode proporcionar a quem vivenciou de perto o drama.

DOR









Quem é essa que entra sem bater a porta?
Que chega rouba meu sentimento faz plantão e se aloja em meu coração?
Que dor é essa?
Quem é ela?
O que ela deseja de mim?
Algo que já tirou?
Minha fome de viver?
Meu desejo de ser feliz?
Quem é essa?
Dor infinita, dura, pesada, incrustada na minha alma e sem período de vencimento.
Dor, purificada pelo meu choro, minha angústia, meus dissabores.
Dor aguda, arraigada pelos pregos colocados em meu coração.
Dor, Dor, Dor

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Filme - O Amor nos Tempos do Cólera (Love in the Time of Cholera)

O livro O amor nos tempos de cólera foi publicado em 1985, pelo escritor colombiano Gabriel Garcia Marquez. É uma crônica sobre a espera de um amor, de um desejo contido que só aumenta com o passar dos anos. O produtor americano Scott Steindorff levou 3 anos até convencer o escritor Gabriel Garcia Márquez a vender os direitos do livro para uma adaptação ao cinema.
A história se passa em Cartagena de las Indias, na Colômbia, pátria do escritor. García Márquez, afirmou no passado ter escrito o livro inspirado na história de amor vivida por seus pais. História esta de um amor paciente, infinito (que durou exatamente 53 anos, sete meses e 11 dias) e terminou de forma infeliz.
Florentino Ariza (Javier Bardem), poeta, ainda jovem se apaixona perdidamente por Fermina Daza (Giovanna Mezzogiorno). Entretanto, como Florentino é um simples funcionário de uma agência de Correios, não é visto como um bom partido por Lorenzo Daza (John Leguizamo), pai de Fermina. Florentino pede Fermina em casamento, ela aceita. Ao saber disto Lorenzo a envia para a fazenda de sua prima Hildebranda Sanchez (Catalina Sandino Moreno), onde permanece alguns anos. Florentino aguarda o retorno de sua amada, mas quando a reencontra, ela diz que nada quer com ele.
Fermina nesse momento passa a ser cortejada por Juvenal Urbino (Benjamin Bratt), um médico que luta para evitar a disseminação da cólera. De início ela não se interessa, mas posteriormente eles se casam e constituem família. Os anos passam assim como inúmeras mulheres na vida de Florentino. Este decide buscar a riqueza para “suprir” sua dor, e se torna proprietário da Companhia Fluvial do Caribe.
O filme fala o tempo todo sobre cólera a física e da alma. Era a doença do começo do século, matava, deixava seqüelas, era contagiosa. Mas, e a cólera da alma? Um homem pode amar tanto uma mulher a ponto de esperar mais de 50 anos? Ou a cólera da alma falou mais alto? À vontade frequentemente tida como incontrolável dirigida a uma pessoa pode mover uma vida. O amor pode virar “doença”? O título do livro é Do Cólera e não Da Cólera. Daí a elocubrações sobre a da física e a da alma.Nem sempre uma adaptação é fiel ao livro, este tem mais poder de brincar com as palavras. No cinema o tempo é outro, mas o filme O Amor nos Tempos do Cólera passou a mensagem. Bela trilha sonora, bela fotografia, belas paisagens.
A sensibilidade e a coragem do diretor e do produtor ajudaram. Rodar um filme em um país marcado pela guerra civil e se rodear de artistas e profissionais de todos os cantos do planeta - diretor inglês; diretor de fotografia brasileiro; roteirista sul-africano; atores e atrizes de nacionalidade colombiana, italiana, mexicana, espanhola, além dos 6.000 figurantes. Destaque brilhante para a atuação da atriz brasileira Fernando Montenegro no papel da mãe de Florentino Ariza. Ela arrasa neste papel, pequeno, mas muito marcante