Saudade do Português
O vai ser de mim sem os acentos? Aprendi na escola, lá na década de 80(entreguei a idade) que os acentos eram primordiais para um português polido, correto. A língua perderá a magia. Para os nostálgicos de plantão como eu, haverá muito “sofrimento”, e nada será como antes.
Os acentos sempre foram utilizados para indicar, na escrita, a pronúncia correta de uma palavra. E agora toda a essência depositada no papel vai mudar. O bom e velho ditongo aberto em palavras paroxítonas foi embora - A Coreia apoia a ideia da assembleia. Cadê a graça da frase? Não tem ênfase, não tem vida, não tem...acento.
A autoafirmação das palavras corre na contraordem da infraestrutura academica que todos já estamos habituados. O hífen pegou as malas, não deixou bilhete e caiu no mundo, numa autoestrada, totalmente abandonado e semiembriagado pelas novas regras de ortografia brasileira.
Em uma conversa coloquial tudo continuará na mesma, ninguém vai dizer: a feiura daquela frase - sem acento, foi reescrita. Mas, tudo muda no texto escrito, a magia do acento vai se esvair, se apagar, vai para o mesmo lugar onde mandaram os acentos – para Terra do Nunca. E como tudo o que se vai um dia, o que fica será a saudade.
Um sofrimento maior para mim será a perda do trema. O que eu farei sem o trema? Aguentar as consequência, ficar tranquila ou ser eloquente, este será o meu fim? O fim da nostalgia. O trema sempre me remeteu ao passado, a um aperto no peito. O trema me remete a algo pueril do século 18 ou 19, aos poetas que morriam de amor, escrevendo versos dedicados a uma paixão platônica (esta continua com o acento?).
Nos livros didáticos as novas normas, só serão válidas em 2010 e obrigatórias a partir de 2012. Três anos para sucumbirmos à democracia. Três anos para corrermos e alteramos toda a forma de escrever que já havíamos adquirido. Três anos para perder o romantismo aprendido e apreendido na infância.
As mudanças foram ditadas, mas, e a tal democracia, onde fica? Esta que, aliás, também aprendi na escola, na mesma década de 80(entregando a idade de novo), que seria um regime de governo onde o poder de tomar decisões políticas importantes estaria nas mãos dos cidadãos (povo), direta ou indiretamente.
Então, não me lembro de ter votado ou ter expressado minha opinião sobre o assunto em pauta – o acento. Ninguém pediu minha “permissão”, nem fui consultada sobre o fato de ele ser mandado embora, demitido, sem direito a uma apelação ou qualquer outro abono. O que farei com a falta, o vazio que ficará, com a dor da perda, da partida?
Escrever em um texto que o pelo do gato me dá alergia ou que ela não para de sofrer por amor, ficará muito estranho. Como tudo o que é imposto ao ser humano, temos a capacidade de adaptação. Então, dizem que a tendência é “acostumar”, ou seja, habituar-se a fazer algo. Plagiando Clarice Lispector, “a gente se acostuma para poupar a vida, que aos poucos se gasta, e se gasta de tanto se acostumar, e se perde em si mesma."
O vai ser de mim sem os acentos? Aprendi na escola, lá na década de 80(entreguei a idade) que os acentos eram primordiais para um português polido, correto. A língua perderá a magia. Para os nostálgicos de plantão como eu, haverá muito “sofrimento”, e nada será como antes.
Os acentos sempre foram utilizados para indicar, na escrita, a pronúncia correta de uma palavra. E agora toda a essência depositada no papel vai mudar. O bom e velho ditongo aberto em palavras paroxítonas foi embora - A Coreia apoia a ideia da assembleia. Cadê a graça da frase? Não tem ênfase, não tem vida, não tem...acento.
A autoafirmação das palavras corre na contraordem da infraestrutura academica que todos já estamos habituados. O hífen pegou as malas, não deixou bilhete e caiu no mundo, numa autoestrada, totalmente abandonado e semiembriagado pelas novas regras de ortografia brasileira.
Em uma conversa coloquial tudo continuará na mesma, ninguém vai dizer: a feiura daquela frase - sem acento, foi reescrita. Mas, tudo muda no texto escrito, a magia do acento vai se esvair, se apagar, vai para o mesmo lugar onde mandaram os acentos – para Terra do Nunca. E como tudo o que se vai um dia, o que fica será a saudade.
Um sofrimento maior para mim será a perda do trema. O que eu farei sem o trema? Aguentar as consequência, ficar tranquila ou ser eloquente, este será o meu fim? O fim da nostalgia. O trema sempre me remeteu ao passado, a um aperto no peito. O trema me remete a algo pueril do século 18 ou 19, aos poetas que morriam de amor, escrevendo versos dedicados a uma paixão platônica (esta continua com o acento?).
Nos livros didáticos as novas normas, só serão válidas em 2010 e obrigatórias a partir de 2012. Três anos para sucumbirmos à democracia. Três anos para corrermos e alteramos toda a forma de escrever que já havíamos adquirido. Três anos para perder o romantismo aprendido e apreendido na infância.
As mudanças foram ditadas, mas, e a tal democracia, onde fica? Esta que, aliás, também aprendi na escola, na mesma década de 80(entregando a idade de novo), que seria um regime de governo onde o poder de tomar decisões políticas importantes estaria nas mãos dos cidadãos (povo), direta ou indiretamente.
Então, não me lembro de ter votado ou ter expressado minha opinião sobre o assunto em pauta – o acento. Ninguém pediu minha “permissão”, nem fui consultada sobre o fato de ele ser mandado embora, demitido, sem direito a uma apelação ou qualquer outro abono. O que farei com a falta, o vazio que ficará, com a dor da perda, da partida?
Escrever em um texto que o pelo do gato me dá alergia ou que ela não para de sofrer por amor, ficará muito estranho. Como tudo o que é imposto ao ser humano, temos a capacidade de adaptação. Então, dizem que a tendência é “acostumar”, ou seja, habituar-se a fazer algo. Plagiando Clarice Lispector, “a gente se acostuma para poupar a vida, que aos poucos se gasta, e se gasta de tanto se acostumar, e se perde em si mesma."