domingo, 17 de agosto de 2008

Mudança

Monta caixa, desocupa armário.
Levanta peso, doem as costas, fica roxo, tudo estressa.
Monta caixa, guarda lembranças,
Lacra tudo e junto leva poeira, sujeira e lembrança.
Monta caixa e dentro vai a vida.
Toma decisão, briga com pedreiro, recebe ameaça.
Monta caixa, lacra o antigo, parte para novo.
Desmonta os móveis, retira do antigo, vai ao novo.
Monta caixa, tira da estante todas as memórias.
Sofre, ainda não sabe lidar com a mudança.
Monta caixa, guarda objeto, embala e transporte.
Monta caixa, monta a vida, lacra as dores e tristezas, passa uma fita nos dissabores.
Coloca a vida em várias caixas ao lacrar cada uma lacra também o passado.
Se tudo vai mudar – não sei, mas os amigos esses sim serão eternos.
Colocados em caixas e lacrados com muito amor.


Filme: Ensinando a Viver (Martian Child, 2008)


Quando era criança, o escritor David Gordon (John Cusack) sempre se sentiu excluído. O menino se achava diferente, cresceu sonhando com o dia em que os ETs viriam buscá-lo e levá-lo para casa, no espaço sideral. Os aliens nunca vieram. Mas sua imaginação o transformou em um escritor de sucesso. Desde a trágica morte de sua noiva há dois anos, ele nunca mais experimentou qualquer traço de vida afetiva.
David continua se sentindo um solitário até que finalmente resolve tentar - e acaba adotando o brilhante e problemático Dennis. Assim como David, Dennis vive trancafiado em seu próprio mundo de fantasia. Quando era criança, David queria ser um alien. No caso de Dennis, ele acredita de verdade que é um marciano em missão de exploração na Terra. E talvez ele seja de verdade... Um filme divertido e emocionante sobre o poder de redenção do amor e sobre o verdadeiro significado da palavra "família".
O filme fala de algo mais além do que uma simples família, ele expõe as dores e conseqüência da rejeição, seja esta qual for. De quem é a responsabilidade do amor? De quem é a obrigação de dar e receber? Se doar a alguém complexo e intenso. Se entregar exige talento e dedicação. A paciência no aprendizado de conhecer o outro é eterno e constante. Não somos donos ou proprietários de ninguém, mas temos muita e total responsabilidade por nossos atos. Somos responsáveis sim em tentar nunca machucar alguém. Ou se for inevitável minimizar ao máximo a dor. Isso deveria vir junto do manual do amor.